uma aspereza inefável sai das mãos entregues ao ócio
esse ardor (selvagem busca pela inspiração) traz aos olhos um pouco de tudo que sei
e o despudor que sinto faz meu corpo se desprender com a fúria obsessiva das palavras em meu peito
colho versos que brotam da insensatez rimo palavras sem sentido e faço liberdade com meus desejos escravizados elejo na fuga das minhas inspirações algo que me acredite calma e não atroz (mesmo que isso não exista) me aposso de todas as subversões que me cabem e tranço minha vida na cadência da rotina que carrego nos ombros, sempre tranco os restos de dúvidas e me lanço sobre as provocações abertas feito feridas irremediáveis na minha alma
o caminho que traz a esta rua é muito mais longo que imaginas e todos os atalhos que eu porventura queira tomar estarão cheios do esquecimento que a solidão traz consigo os olhos desta rua enxergam muito mais longe que uma vã doutrina cada esquina é a sábia sentença a desconfiança é o espelho do mar que afunda: gasto segundos a perceber isto e uma eternidade para seguir adiante
se for para olhar pro lado e não enxergar fico cega para o resto do mundo falo com estranhos que me conhecem mas não vejo não sinto âninmo deslumbro inerte a vida que passa rente ao meu corpo uma tênue linha nos separa nos dissolve sou mera espectadora dos malabarismos dos meus pensamentos imagino tanta coisa... e em tom ridículo (quase confessional) me ponho a divagar as pessoas acham que são felizes -feliz sou eu que sei disso e lanço meu riso irônico para todos