Caro Francisco
Nem sempre vemos
O que está na ponta do nariz
Aliás
Quase nunca
Somos todos cegos
Voluntariamente
voluntariosos
E conscientes
Do que a mão não alcança
Nem com toda audácia
Nem com toda pujança
Caro Francisco
Se a mão tirasse
Da frente tudo que chamo
Verdade
Seria mais fácil
Caro Francisco
Pensei nisso: missão que não terminei
E que – acima de tudo
Tem vontade própria
E despertou.

sonho amargo
gosto pecã
pedaço tingido
pecado fingido
e finjo
ser eu mesma
todo dia
um pouco
mais