Canta para eu dormir
esquece tua voz junto a mim
aquece tua mão no meu dorso
deixa eu chorar baixinho
e só
a certeza de não te ter
ao meu redor

mantenho meus olhos
bem abertos
e com a clareza de um raio
dissipo atos impensados
acredito em olhar profundo
a eterna dúvida
e faze-la ausente
quando acordar

Deixei de voar
Cortei minhas asas
Fechei as janelas da minha alma
Para essa vontade desmedida de me
Compreender
Para esse zelo vulgar
Para as alternativas inóspitas que me cercam
Não há mais ruas
Só o beco
E esta paisagem que se desfecha
É miragem
É minha vaga lembrança
De mim