mandinga



malino tua rotina
má sinto esta sina
mau te vejo
olho corre
lampejo
mal te sigo
por entre
tortuosos ladrilhos
esquadrinho tua vida
maldigo a cantiga
canto o ponto
a ponto de enlouquecer
mandinga

convite



vamos desatar os nós
desligar dos prós
e contras
vamos desarmar arestas
e soltar as pontas
atear fogos fátuos
e mostrar
de fato
quem são os loucos

nós ou os outros?

querer



de quereres eu
entendo
e se contigo
não há contento
busco em outro colo
o querer do impulso
o querer do despudor
a dor
e o ar-dor
quero o querer
o insaciável
quero o indelével
desejo
cada vez que não te vejo
penso:
agora sim, arejo

escolha




multiplicam-se as formas
do outro
cópias arranjadas
amálgama
amar-se-ia menos
alguém escolhido
a dedo?
por tesão ou medo?


ter-te é
de(s)ter certezas
amarras:
testo teu texto
no meu sexo
quando finjo
algum nexo

palavra



a palavra que
aquece
sarja feridas
estanca o sangue
escolhas
des
feitas
quando os olhos
urgem ausência
a chaga
abre
não sei sofrer
por isso
escolho a poesia
para gritar em
silêncio
protesto mudo
e nem por isso
menos mordaz
a palavra que
esfria
(fecho os olhos)
e cura.