palavra
a palavra que
aquece
sarja feridas
estanca o sangue
escolhas
des
feitas
quando os olhos
urgem ausência
a chaga
abre
não sei sofrer
por isso
escolho a poesia
para gritar em
silêncio
protesto mudo
e nem por isso
menos mordaz
a palavra que
esfria
(fecho os olhos)
e cura.
Hum... imagem interessante da reação do corpo (e da mente) à palavra. Quase uma catarse...
ResponderExcluirGostei do movimento, da fluidez do poema. A ausência de pontuação transporta-nos à sensação vivida pelo eu poético em instantes.
Interessante como o poema também é amarrado, formando um ciclo. A mesma palavra que esquenta, abre feridas também esfria e cura. Entretanto, ao menos para mim, fica uma lacuna: o lirismo do poema sugerir que a palavra a que o eu poético se refere no início não é a mesma do final. Quero dizer, parece haver duas palavras. Uma que é externa e fere. Outra que emana do eu poético para o poema, e cura.
caça a palavra no ouvido alheio
ResponderExcluircomo num rodeio
laça o seu corpo
com a língua úmida
arrasta os sentidos
pelos lóbulos enternecidos
até que a voz vítima
de bárbara tortura
chegue à altura
da palavra estuprada
depois não diga nada...
este calar
ResponderExcluirsilêncio causado
pela dor
não será outro
que a necessidade do
estupor
causado pela
tua mão invasiva
sentida
reprimida
repelida
assim minha pele
te compele
mais uma vez
a fazer da carne
tabuleiro
do jogo, quem
perde
a mordida