palavra



a palavra que
aquece
sarja feridas
estanca o sangue
escolhas
des
feitas
quando os olhos
urgem ausência
a chaga
abre
não sei sofrer
por isso
escolho a poesia
para gritar em
silêncio
protesto mudo
e nem por isso
menos mordaz
a palavra que
esfria
(fecho os olhos)
e cura.

3 comentários:

  1. Hum... imagem interessante da reação do corpo (e da mente) à palavra. Quase uma catarse...
    Gostei do movimento, da fluidez do poema. A ausência de pontuação transporta-nos à sensação vivida pelo eu poético em instantes.
    Interessante como o poema também é amarrado, formando um ciclo. A mesma palavra que esquenta, abre feridas também esfria e cura. Entretanto, ao menos para mim, fica uma lacuna: o lirismo do poema sugerir que a palavra a que o eu poético se refere no início não é a mesma do final. Quero dizer, parece haver duas palavras. Uma que é externa e fere. Outra que emana do eu poético para o poema, e cura.

    ResponderExcluir
  2. caça a palavra no ouvido alheio
    como num rodeio
    laça o seu corpo
    com a língua úmida
    arrasta os sentidos
    pelos lóbulos enternecidos
    até que a voz vítima
    de bárbara tortura
    chegue à altura
    da palavra estuprada

    depois não diga nada...

    ResponderExcluir
  3. este calar
    silêncio causado
    pela dor
    não será outro
    que a necessidade do
    estupor
    causado pela
    tua mão invasiva
    sentida
    reprimida
    repelida
    assim minha pele
    te compele
    mais uma vez
    a fazer da carne
    tabuleiro
    do jogo, quem
    perde
    a mordida

    ResponderExcluir