apenas






de você quero apenas
coisas boas
beber teu riso
sem compromisso
lembrar teu nome
quando acordar
e se possível
levantar antes
de você quero apenas
não guardar qualquer
memória

invisível



abra os olhos
sobre meus segredos
desvenda
a charada que corrói
a chaga presente
no meu estupor
e sangra e urge
não o curativo
remendo da alma
não o laço desfeito
intempérie ativa
atiça e atrai
sem mistério
ou segredo
não sou esfinge
motivos de decifrar
gota d’água
estopim
se todos forem reais
a droga que falta
oprime
a dor invisível
eu devoro

fundo



vou te dizer um
negócio, seu moço
quem come a carne
rói o osso
e deixe desse seu
alvoroço
porque a vida
só tira o que dá
e se ela dá
um pouco
logo tira também
o troco
e o que sobra é o
rasgo
o remendo
o estrago

simples




pode falar
minhas mãos estão aqui
para te seguir
solene
simples
e delicadamente
meu silêncio te constrange
e teu carinho me reprime
diga lá
bem aqui
será?
quem vai saber?

dúvida




vou escrever
que tua dúvida me calou
e disso tenho certeza
tanta incerteza
escondida atrás da porta
espalmou as mãos
fechou as bocas
acalmou o querer
e depois não pergunte
apenas leia meu silêncio
e ouça meus olhos dizendo
sim, é tarde.

candeia



essa luz que me passeia
candeia dos teus olhos
incendeia os sentidos
e queima, brasa ardente
quando sussurra ao meu ouvido
me concentro no teu som
gemido
teu choro rimando música
o resto tudo pra mim
é ruído