De longe
Certa vez ouvi tocar
Da rabeca uma canção
Que fez minha mente admirar
E emocionar o coração
Suas notas tão singelas
Sua lapela
Seu condão
Os contrastes evidentes
Entre o som, a rima e o pendão
Nunca mais ouvi um som
Tão pungente
Tão loquaz
Que tirasse da madeira
A matéria capaz
De reviver alegrias e
Tormentos
Na memória jaz
Todo o sentimento
Natureza de sol, ar e vento
Melodia que fez morada
Fez abrigo
Fez estada
No meu alento
*Imagem de Faiza Maghni
Casa
Essa história de uma vida
inteira
Traz coisas pra contar
Algumas menos
Outras mais faceiras
Mas todas constroem
Esta vida
Este corpo: meu lar
De lá pra cá
Coisas outras surgem
Ideias de idas
E vindas
Passagens de outro lugar
As memórias que habitam
Minha casa-corpo
Lembram:
A vida se vive somente
Pelo que há de vir
adiante
Meu futuro, decerto incerto
Começou de mãos dadas
Com a liberdade por perto
Sem medo de voar
Arrisco: me jogo rasante
Contigo
Outros amores seguem
Seu rumo
E deixam a casa limpa
Posto vazio
Pro teu amor morar
Segredo
Me diz a palavra
Que toca teu
Corpo
Me diz a palavra
Que fecha teus
Olhos
Ofusca feito ouro
Me diz a palavra
Que fere tua existência
Me diz qual apelo
Aguça
Qual sinal
Atiça
Qual nome
bagunça tua cabeça
Me diz
Qual pele te enleva
Qual pelo te roça
Me diz qual olho
Te olha mais
Fundo
Me diz o que cabe
(Será que me cabe)
No teu mundo
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