colho versos que
brotam da insensatez
rimo palavras sem sentido
e faço liberdade
com meus desejos escravizados
elejo na fuga
das minhas inspirações
algo que me acredite calma e não atroz
(mesmo que isso não exista)
me aposso de
todas as subversões que me cabem
e tranço minha vida
na cadência da rotina que carrego nos ombros, sempre
tranco os restos de dúvidas
e me lanço sobre as provocações
abertas feito feridas irremediáveis na minha alma
o caminho que traz a esta rua é muito mais longo
que imaginas
e todos os atalhos que eu porventura
queira tomar
estarão cheios do esquecimento
que a solidão traz consigo
os olhos desta rua enxergam muito mais longe
que uma vã doutrina
cada esquina é
a sábia sentença
a desconfiança
é o espelho do mar que afunda:
gasto segundos a perceber isto
e uma eternidade para seguir adiante
se for para olhar pro lado
e não enxergar
fico cega para o resto do mundo
falo com estranhos
que me conhecem
mas não vejo
não sinto âninmo
deslumbro inerte a
vida que passa rente ao meu corpo
uma tênue linha nos separa
nos dissolve
sou mera espectadora
dos malabarismos
dos meus pensamentos
imagino tanta coisa...
e em tom ridículo (quase confessional)
me ponho a divagar
as pessoas acham que são felizes
-feliz sou eu que sei disso
e lanço meu riso irônico para todos
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