cada um esconde o que deve
de si ou de outro
só mostra a parte mais simples
porque assim deve ser
eu só revelo o que
o outro vê
feito espelho d’água
a imagem refletida
não mostra chegada
só partida
e fica turva
a cada sopro mínimo
do vento que graceja

cada um deve a ninguém
o retrato que quiser mostrar
a dor que quiser mentir
ou gritar

cada um deve para si
a inverdade do enredo
ou a rede e o sossego
ver no retrato sugestivo
a fronte calma
olhar passivo
no fundo da calmaria
a súplica do que é tarde
no berço da compostura
tempestade

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