desde que conheci este
lado da moeda
fiquei com o mundo insone
os olhos inertes
calei a boca faminta
falei para quem ia atrás:
não me siga
o céu se mostra azul
e tampouco sabemos sua cor
já me cansa olhar
perdi as caras
e as contas
me quedaram certezas
inúteis
frágeis
e o espelho quebrado
em mil pedaços

7 comentários:

  1. desde que a moeda caiu no bueiro
    sigo procurando um meio
    de saber meu destino
    as vezes desatino
    ou emociono
    não sei como funciono
    sendo dúvida e confusão
    sei que sigo a razão
    do jeito irracional como ela existe
    e não me faço triste
    quando o que quero não se cria
    pra isso existe a poesia

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  2. desde que perdi
    meus devaneios
    acordei meio a esmo
    a meio caminho
    do caminho inteiro
    desde que notei
    a falta dos sentidos
    vi no silêncio
    um tipo qualquer
    de abrigo
    então fujo
    abro os braços
    e faço leito
    junto ao perigo
    corro sem norte
    tendo a morte como
    fim certo
    destino sem castigo
    sei que a poesia existe
    essa profana
    nostalgia do nada
    insana
    grande vantagem
    poesia, na verdade
    é miragem

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  3. eu, hein?
    poesia é minha moeda de troca
    é a senha que me desentoca
    quero mais palavra no meu ouvido
    e barulhentos
    nos perdemos no olvido.
    Quando não dá, faço a moderna:
    levo a moeda
    a passear na taberna
    aceito quem me abraça
    bebo o vinho, quebro a taça
    e finjo que não sei
    quem quebrou o espelho.

    com luxuriosa inveja
    de longe observo vocês
    e vem o desejo velho:
    que tal fazermos a três?

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  4. De três ou de quatro
    é sempre bom ter no prato
    uma fatia de insanidade a mais
    na vida de orgias deste cais
    quem sabe o detrás ou o futuro
    quem sabe do escuro
    mais que a luz
    aonde conduz
    essa moeda sem o barqueiro
    é sempre prazenteiro
    o charlar do taverneiro
    ou é melhor o vinho
    que amassamos no caminho
    com os pés nus e alma carregada

    Quem sabe da embriagada
    sorte da poesia com que flerta
    nem sempre é o poeta
    é as vezes o lixeiro

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  5. por moeda ou poesia
    a nossa zona é geral
    e a três nos graduamos
    nessa orgia verbal...

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  6. o outro lado da moeda
    me dá a certeza
    que nossas palavras
    sobre a mesa
    transformaram meu solilóquio
    num moderno colóquio
    as cartas postas
    depois de lidas as cifras
    não se quedam enigmas
    antes revelam a destreza
    contida na orgia
    malícia que espreita
    nossa poesia

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  7. Quando vi o outro lado da moeda
    descobri que o valor era ridículo
    se é que devo chamar "valor".
    Quando meu espelho quebrou, aí sim pude ver meu semblante de desgosto e desencanto.
    E quando minhas inuteis ilusões transformaram-se em verdades frustrantes
    eu tive certeza de que nao tem moeda que pague e nem espelho mágico que compense tirar minhas noites de sono e o sabor dos meus desejos de ser feliz.

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