desde que conheci este
lado da moeda
fiquei com o mundo insone
os olhos inertes
calei a boca faminta
falei para quem ia atrás:
não me siga
o céu se mostra azul
e tampouco sabemos sua cor
já me cansa olhar
perdi as caras
e as contas
me quedaram certezas
inúteis
frágeis
e o espelho quebrado
em mil pedaços
desde que a moeda caiu no bueiro
ResponderExcluirsigo procurando um meio
de saber meu destino
as vezes desatino
ou emociono
não sei como funciono
sendo dúvida e confusão
sei que sigo a razão
do jeito irracional como ela existe
e não me faço triste
quando o que quero não se cria
pra isso existe a poesia
desde que perdi
ResponderExcluirmeus devaneios
acordei meio a esmo
a meio caminho
do caminho inteiro
desde que notei
a falta dos sentidos
vi no silêncio
um tipo qualquer
de abrigo
então fujo
abro os braços
e faço leito
junto ao perigo
corro sem norte
tendo a morte como
fim certo
destino sem castigo
sei que a poesia existe
essa profana
nostalgia do nada
insana
grande vantagem
poesia, na verdade
é miragem
eu, hein?
ResponderExcluirpoesia é minha moeda de troca
é a senha que me desentoca
quero mais palavra no meu ouvido
e barulhentos
nos perdemos no olvido.
Quando não dá, faço a moderna:
levo a moeda
a passear na taberna
aceito quem me abraça
bebo o vinho, quebro a taça
e finjo que não sei
quem quebrou o espelho.
com luxuriosa inveja
de longe observo vocês
e vem o desejo velho:
que tal fazermos a três?
De três ou de quatro
ResponderExcluiré sempre bom ter no prato
uma fatia de insanidade a mais
na vida de orgias deste cais
quem sabe o detrás ou o futuro
quem sabe do escuro
mais que a luz
aonde conduz
essa moeda sem o barqueiro
é sempre prazenteiro
o charlar do taverneiro
ou é melhor o vinho
que amassamos no caminho
com os pés nus e alma carregada
Quem sabe da embriagada
sorte da poesia com que flerta
nem sempre é o poeta
é as vezes o lixeiro
por moeda ou poesia
ResponderExcluira nossa zona é geral
e a três nos graduamos
nessa orgia verbal...
o outro lado da moeda
ResponderExcluirme dá a certeza
que nossas palavras
sobre a mesa
transformaram meu solilóquio
num moderno colóquio
as cartas postas
depois de lidas as cifras
não se quedam enigmas
antes revelam a destreza
contida na orgia
malícia que espreita
nossa poesia
Quando vi o outro lado da moeda
ResponderExcluirdescobri que o valor era ridículo
se é que devo chamar "valor".
Quando meu espelho quebrou, aí sim pude ver meu semblante de desgosto e desencanto.
E quando minhas inuteis ilusões transformaram-se em verdades frustrantes
eu tive certeza de que nao tem moeda que pague e nem espelho mágico que compense tirar minhas noites de sono e o sabor dos meus desejos de ser feliz.