ácida





não tenho a alma dos que compelem
não tenho a fúria dos que conferem
se minha vida caminha a passos retos
se me misturo com ratos passeando sobre o teto
meu estômago não digere falatórios
abro os olhos para quem confere relatórios
minuciosos
falácias
falsas e ácidas línguas
tentando tirar o mofo que os deixa
tacanhos aflitos à míngua
qualquer reza é ninharia
qualquer papo é conflito
não tenho tino para debates
não tenho mais susto para alardes
com as unhas de fora
arranho as últimas evidências do meu
questionável caráter
deixo as consequências para quem vier atrás
me permito dizer “tanto faz”
fique com as sobras
por ora

3 comentários:

  1. Ah, flor tão bela
    que sangra na janela
    lanhada no próprio espinho...
    seiva amarga
    não atrai passarinho
    e as formigas
    filhas da fúria
    e feras fugazes
    buscam lugares calmos
    para fazer seu ninho
    de falsas pazes.

    São ácidas a culpa
    a inveja e a morte
    já as flores são bem doces
    feito os amores e a sorte.

    Sei que o que sobra de ti
    é só o mel que te marca
    atraindo o colibri
    a bela dama e a monarca...

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  2. Quanta força e beleza juntas...
    me encontrei em diversas palavras.
    Sempre bom te ler...
    meu estomago tambem nao digere falatorios e estou um tanto farta de questionamentos.
    Já nao tenho mais unhas tambem...

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  3. Josi querida! sempre bom te ver por aqui! sabe, há dias não conseguia escrever. acho que era isso que estava entalado na minha garganta...

    e Eli, poxa vida, deixa eu (pelo menos) tentar fingir ser má...vc me escancara assim, tão simples, tão certa e tão fácil...
    bjs às duas

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