Paisagem II



Passo à tua janela e materializo paisagem para teus olhos. Se soubesse antes teu desvelo, cuidava em não te perder, e te fazer sonhar mais, transformar todo o medo, tão grande pesar, em conjugar o verbo amanhecer, contigo. Sinto que toda essa paisagem tenha te cegado ao ponto de não teres visto que também te via, também eras paisagem para mim. Agora quedamos assim,conhecedores de uma nova sina de seguir o que não conhecemos, rumar feito ímãs que se repelem pelos lados semelhantes. Também sinto que podias ter me contado tantas histórias, e podias ter revirado todas as histórias, fazendo delas o enredo que teus olhos não ousaram contar. E poderias, com tua voz, ter escrito claro no negrume que se encheu com a tua ausência. Enquanto disse para que fosses feliz, deveria ter traído toda a confiança que me é inata e deixado transparecer minha vontade não tão grande que tal vaticínio se cumprisse, pelo menos não sem que eu estivesse ao teu lado. Imagino agora que te cercas de temores, agora é tua vez de duvidar. E agora é minha vez de te sonhar. Agora.

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