protesto contra essas mãos
que contra minha vontade
escrevem
protesto contra meus pensamentos
que contra a minha vontade
materializam o que sinto
protesto contra meus sentidos
eles não me deixam ser outra
que não eu

protesto contra meus olhos
que enxergam quando só
quero dormir
protesto contra essa música latente
protesto contra a dor silente
certa constante
protesto contra a aridez que me faz deserta
protesto contra o cansaço que me toma
depois de uma noite mal dormida

protesto sem voz
sem a fúria característica dos motins
sem rebeldia sem público sem praça
sem ter nada para provar
protesto sem amor

com a alma crua dorida
com a calmaria que ameaça tempestade
protesto com a lágrima quente
na face fria
avalanche de tudo o que
não podia não queria não devia
mas fiz sem arrepender

protesto sem querer

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