algumas coisas não devem ser ditas
nem pensadas na calada
da noite
a voz rouca emudecida

algumas coisas não devem ser ditas
mesmo com a mordaça caída
mãos imóveis sobre a mesa
a vontade contida mal-disfarçada

mesmo a voz rouca
decide não haver mais febre
não quer enxergar no breu
com olhos que não os seus

mesmo o querer ausente
e a vontade
antes rente ao corpo
mirando outro porto

decide plantar um caminho
nas águas: cais
náufrago a esmo
vento vil açoitando a pele
o querer banido no olhar mordaz

Nenhum comentário:

Postar um comentário