ferida


cada barulho anunciava o fim
iminente
e mesmo os silêncios
que se faziam absurdos
explodiam em rojões
do lado de dentro

cada cano quebrado
cada queda
amortecia a altura
de se sentir deitado
e mesmo a chuva
não escondia o sal
açoitando líquido
a face

por trás do tumor
nem sorte nem morte
a rudeza do espinho
sobre o infinito chão
a dor a chaga o ácido
um corpo vagando
cego
pelo caminho

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